sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Cresci, já não acredito nas histórias de embalar que a mama me contava, aquelas em que tudo começava com o "era uma vez..." e sempre tinha um final feliz, lembro-me delas, lembro-me que as ouvia sempre com um sorriso doce e inocente, porque não via para além das quatro paredes do meu quarto; não via o mundo complicado que lá fora me esperava e sempre tinha onde me aconchegar.

Havia sempre um cavalo branco, uma princesa formosa e um cavaleiro elegante.

Hoje, somos meros seres, homem e mulher, vivemos dependentes do relógio e do dinheiro. Desde pequenos que somos educados a planear a vida, a profissão e os amigos ideais; agora a vida é feita de planos, preparados minuciosa e cautelosamente, planeamos cada minuto do dia e sem nos darmos conta não usufruímos do que temos.

Planeamos também o amor, casamos porque dá jeito, procriamos porque o relógio biológico assim o permite, tornamos a vida uma rotina, um ciclo vicioso sem fim, podemos nem estar felizes mas estamos acomodados, e deixamos andar. Perdemos o interesse em saídas românticas, são cada vez mais raros os gestos de amor e as palavras de conforto, já não encontramos poetas sulistas nem compositores natos, tem as vidas acomodadas e perderam o interesse nas pequenas coisas. Cada vez são menos os gestos loucos por amor e os beijos de boa noite.

Hoje, o "viveram felizes para sempre" está condicionado a um factor: comodismo.

Por isso, não esperes sair à rua e encontrar um príncipe encantado, procura em cada esquina por que passares porque numa delas estará um sapo à tua espera.

*

Corro entre as ervas frescas dos campos, olho para o céu e faço desenhos com as nuvens, olho à volta à procura da minha felicidade, mas não a encontro.
Procuro com os olhos para ver se está alguém por perto, como não vejo ninguém dou um passo em frente; Mas o chão foge, o céu rasga e encontro-me sozinha num imenso espaço vazio onde só existe uma porta diante de mim. Tento abri-la mas esta fechada, tento encontrar uma saída mas só há espaço vazio à volta, sento-me no chão e conto o tempo pelos dedos, parece não ter fim.
Deito-me no chão frio e penso, a minha cabeça esta uma confusão, um turbilhão de emoções invade o meu corpo, não sei se é ódio, não sei se é raiva, talvez seja saudade, saudades de ver o céu, saudades tuas.
Ouço passos e vozes, levanto-me e tento encontrar alguém, percorro um longo caminho mas eis que sinto as mãos macias de alguém, não consigo ver quem é, a escuridão é muita.
Mas logo uma chama acende-se, volto a olhar e vejo o teu rosto, dizes que me amas e que não me vais deixar sozinha, eu acredito, sou pequenina e frágil, dava tudo para estar em casa.
Dás-me a mão e levas-me até à porta, colocas a mão no bolso e tiras de lá uma chaves, ai percebi. És a chave para a minha felicidade, sempre foste.
Do lado de lá está um mundo novo, ai encontro a felicidade que procurava desde o inicio.
O sol já vai longe, o tempo passou rápido, às vezes parece que faz corridas como se fosse um cavalo, não para; esta a anoitecer e começo a sentir frio, o céu começa a escurecer e fico com medo, medo que tudo volte, aquela solidão imensa, mas tu abraças-me, ai não tenho razões para temer o perigo da noite.
Adormecemos juntos, a olhar para o céu, numa noite de verão.

mum

Uma pétala de rosa poisou sobre a minha pele, um leve aroma a Primavera enche o quarto onde permaneço deitada, como uma leve pena que uma andorinha perdeu entre os seus voos agitados. Lá fora ouve-se a brisa suave deslizar entre as folhas das árvores, o tempo perde-se entre os trilhos dos montes, sente-se o cheiro dos pequenos Jasmins a desabrochar, vê-se ao longe o sol nascer, faz-se manhã. Manhã que trás com ela pequenos raios de sol que me vem acordar, levanto a cabeça da almofada e olho pela janela, lá fora o vento parece fazer corridas como se fossem cavalos. Um dos pequenos raios de sol entra no coração, como um toque de mãe. Talvez não seja possível comparar uma mãe a um raio de sol, pois a intensidade nunca seria a mesma, nunca teria o mesmo brilho e nunca teria o mesmo poder de felicidade em nós. Nada poderia substituir os carinhos e os afectos, as lágrimas e os sorrisos. Mãe é quem se entrega de alma e coração, quem nos ouve dizer as primeiras palavras e sentir isso como uma melodia, melodia que vai sendo completa de dai para dia, de ano para ano. É quem nos dá a mão e faz com que demos os primeiros passos sem termos receio de cair, o toque da sua pele é como pequenos pedaços de seda, o som da sua voz é canção de embalar.
O dia passou a correr, volto para o meu quarto olho pela janela mas o sol não esta, a imensa escuridão levou-o para que os outros também possam sentir o amor de Mãe. Agora apenas existe uma pequena lua e uma imensidão de estrelas que brilham, ao olhar para elas lembro-me do sorriso da minha mãe.

Sento-me no peitoral da janela e fico a olha-las, o tempo passa e trás de volta a minha Mãe.

thinking, no more

- No que estás a pensar?
Pensar? Acho que estou cansada disso.Pensar em tudo e chegar ao fim e acabar por não pensar em nada; Para que? Não vale a pena, não me leva a lado nenhum e além disso ilude-me.Passo a vida a iludir-me, aumenta-me o ego e a esperança, mas mata-me aos bocadinhos por dentro cada vez que percebo que são apenas ilusões. Mas é inevitável não pensar; penso e repenso, começo por um simples pensamento e em segundos vejo a minha mente repleta de memórias e recordações, não percebo.
- No que estás a pensar?
Não estava a pensar ou melhor, estava, não sei bem. Estava a tentar adormecer, mas não consigo. Fecho os olhos e aparecem-me imagens, pensamentos; como é que vou dormir? Não consigo desligar-me disto. Estou cada vez mais baralhada.Não era suposto o escuro e o silêncio terem sido feitos para descansarmos? Sim, e então? Então que não resulta.
- No que estás a pensar?
Estava a tentar admirar o mar, mas mais uma vez não consegui. Ele levou-me a pensar. Estou a tornar-me repetitiva, mas os pensamentos são uma constante na minha vida, acho que não é só na minha, espero que não.É uma tarefa complicada pensar, muito detalhada e pormenorizada. Relembra tudo o que já passamos. É semelhante a uma câmara de vídeo, capta todos os sorrisos, todas as lágrimas, até as frases. Às vezes lembro-me de algumas.Li no dicionário que pensamento é a faculdade de pensar; a ideia, a reflexão, a consideração. Acho que quem inventou o seu significado não esperou que se tornasse em algo tão poderoso como agora é.Positiva ou negativamente vou sempre pensar, inevitável é e inevitável será, por isso pensa e ilude-te, um dia acabaras por acordar

- Ainda estás a pensar?

s,a

“There's no one better or worse than you, because to me there's only you.”
Tudo o que um dia fomos já não o somos mais, porque o destino assim o quis ou porque nos o quisemos, nunca soube a razão.
Passado tanto tempo ainda custa falar, tenho tantas perguntas para te fazer, mas tenho medo, medo que tudo o que temo aconteça, outra vez. Não aguentava ouvir tudo de novo, não.
Sou uma página virada no livro da tua vida, não te critico por isso, mas continuam em mim os remorsos por não ter feito mais e melhor.
Com o tempo a distância apoderou-se e não sei se me levou da tua memória, não sei se levou consigo todas as palavras de amor, todas as conversas e sorrisos. O mais certo é que tenha apagado tudo o que te disse, porque palavras são palavras e estas ficam gastas com o tempo.
Enquanto vejo o sol descer pelas portadas da janela, penso em ti pela última vez, digo eu. Certamente não será a última, mas da próxima não será com a mesma intensidade de todas as outras vezes.
Ainda não estou preparada para dizer adeus porque seria para sempre e arrancar-te assim da minha vida seria doloroso demais. Resta abraçar-me á esperança que permanece cá dentro, a esperança de que um dia penses em mim, e a historia comece de novo.
Alguns disseram que fui ingénua e que passei por cima de muitos erros teus, de olhos fechados. Sim, talvez o tenha feito e fazia-o outra vez, vezes e vezes sem conta.
Conto o tempo que passou pelos dedos na esperança de que ele pare e renasça, outra vez, em Setembro. Seria pedir demais, mas voltava a tentar e arriscava tudo de novo, mas agora abria-me mais e faria com que as coisas não terminassem da mesma maneira, no desconhecido, tu percebes.
Talvez não sintas o que estou a sentir enquanto escrevo isto, é normal. É apenas um desabafo visto que este amor morreu, em grande parte.

See you soon


secret.

para sempre

"Vou ficar contigo para sempre" - era o que tu me dizias, todos os dias e eu acreditava. Não sei se estava iludida mas certamente estava apaixonada, ainda estou, só não sei se é por ti ou pelas memórias que tenho de ti; tenho o coração cheio delas, é impossível livrar-me delas, porque não consigo e porque talvez lá no fundo não queira.
Tomei tudo o que tínhamos como garantido, já eras um hábito, mas nem por isso me desleixei e deixei de dar o melhor de mim, não o podia fazer, merecias o melhor por seres o melhor, pelo menos era o que eu pensava.
Não pensava que águas passadas pudessem atormentar o mar calmo em que estávamos, não queria pensar nisso; para mim ia ser diferente desta vez.
Mas bastou um dia para que o meu sonho fosse destruído, nunca o esquecerei; não será possível.
Tentei implorar, sem parecer desesperada; mas era assim que estava, desesperada.
Agarrei-me à esperança, era das poucas coisas que me restava, mas de nada me valeu; apercebi-me que tinha acabado e que continuava iludida na expectativa que o passado pudesse voltar; era desgastante e perturbador, afastei-me de todos e desliguei-me do mundo.
Uma música, uma imagem, tudo me lembrava de ti, todos os dias me lembrava quando me abraçavas e me dizias ao ouvido num tom apaixonado 'eu amo-te'; é verdade que foram os melhores momentos e as recordações ninguém me pode tirar.
Morro um bocadinho cada vez que sorris para mim, mas aprendi muito contigo; apesar de ter sido da pior maneira.
Desiludiste-me, muito; Ouvi coisas que não queria mas a minha a minha alma estava cega para acreditar no que me diziam.
Agora estou diferente, não voltarei a confiar tão profundamente e tão incrivelmente em ninguém, a mágoa não o permite e tu levas-te grande parte da confiança que tinha, não a que tinha em mim mas a que tinha nos outros.
Estou mais forte mas se calhar tornei-me impassível, não voltarei a acreditar em promessas, pelo menos tão cedo.
Hoje não sei como me sinto em relação a ti, se calhar porque não me sento para pensar, por a cabeça em ordem, e reorganizar os sentimentos, mas cá no fundo sei que ainda te amo, não tão intensamente como ontem ou como à dez anos, mas amo-te.
Sei que foi real e verdadeiro o que vivemos, para mim foi o primeiro e até hoje acho que foi o mais sincero, gosto de chamar-lhe amor.
A despedida dói sempre, mas talvez seja melhor assim; não me despeço de ti mas sim deste amor, do amor que sempre me deste em dez anos, mas principalmente do que me deste neste último ano.
Não espero lágrimas ou compaixão da tua parte quando leres isto, afinal é só um desabafo e certamente não sentes o mesmo que eu enquanto escrevo isto.
Obrigada, obrigada por me mostrares quem sou e do que sou capaz, obrigada por me fazeres crescer.
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